Enéas Ferreira Carneiro foi um nome que marcou a política brasileira com seu discurso nacionalista, conservador e por vezes polêmico. Nascido em 1938 no Acre, este médico cardiologista de formação trilhou um caminho único, tornando-se um dos maiores ícones do conservadorismo no Brasil.
Autodidata brilhante, Enéas se interessou inicialmente pelo socialismo científico, inspirado pela antiga União Soviética. No entanto, sua visão evoluiu para um nacionalismo econômico protecionista, opondo-se ao que via como subserviência do Brasil aos interesses do "sistema financeiro internacional".
Foi em 1989 que Enéas deu seu primeiro grande passo na política, fundando o Partido de Reedificação da Ordem Nacional (PRONA) e concorrendo à Presidência da República naquele ano. Embora tenha obtido apenas 15 segundos de tempo no horário eleitoral, seu discurso inflamado e seu icônico bordão "Meu nome é Enéas!" o tornaram um fenômeno nacional.
Nas eleições presidenciais seguintes, em 1994 e 1998, Enéas surpreendeu ao obter mais de 4,6 milhões e 1,4 milhão de votos, respectivamente, posicionando-se à frente de nomes tradicionais da política. Sua retórica nacionalista, defesa do intervencionismo estatal e propostas ousadas como a construção da bomba atômica atraíram um eleitorado conservador.
Embora não tenha conquistado a presidência, Enéas finalmente alcançou um cargo eletivo em 2002, sendo eleito deputado federal por São Paulo com a maior votação da história brasileira para o cargo até então - impressionantes 1,57 milhão de votos.
No Congresso, Enéas manteve sua postura crítica ao "sistema financeiro internacional" e às privatizações, defendendo um Estado forte e intervencionista na economia. Ele também se opôs à legalização das drogas e ao que chamou de "ovação ao homossexualismo", gerando polêmica.
Apesar de sua orientação conservadora, Enéas rejeitava rótulos como "esquerda" e "direita", definindo-se simplesmente como nacionalista. Alguns acadêmicos o classificaram como parte da "direita envergonhada" brasileira, adaptando ideias autoritárias ao contexto democrático.
Sua carreira política foi interrompida tragicamente em 2007, quando faleceu vítima de uma leucemia mielóide aguda aos 68 anos. Até o fim, Enéas manteve sua icônica barba e seu carisma singular.
Figura controvertida, mas sempre fiel a seus ideais nacionalistas e conservadores, Enéas Carneiro deixou um legado indelével na política brasileira. Sua retórica inflamada e suas propostas ousadas dividiram opiniões, mas garantiram seu lugar como um dos maiores ícones do conservadorismo no Brasil. Seu nome permanece vivo na memória de seus apoiadores e críticos, um lembrete do impacto duradouro que uma voz dissidente pode ter em uma nação.