Rafaela Salgado Ferreira, jovem professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é um prodígio na área de química biológica medicinal. Nascida em Belo Horizonte há apenas 35 anos, Rafaela dedica seus estudos ao desenvolvimento de fármacos, com foco na triagem virtual, planejamento de fármacos, enzimologia e biologia estrutural. Sua pesquisa se concentra em doenças negligenciadas pela indústria farmacêutica, como a Doença de Chagas e o vírus da Zika, que afetam grandes parcelas da população, mas não oferecem perspectivas de lucro para as empresas.
Formação Acadêmica:
Rafaela graduou-se em Farmácia pela UFMG, com uma passagem pela Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos. Em seguida, cursou doutorado na Universidade da Califórnia em São Francisco e pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP). Sua trajetória acadêmica sólida e diversificada a preparou para enfrentar os desafios da pesquisa científica no Brasil.
Reconhecimento Internacional:
Como destaque em uma área ainda dominada por homens, Rafaela recebeu diversos prêmios de prestígio. Foi uma das sete brasileiras agraciadas na 12ª edição do prêmio Para Mulheres na Ciência, criado para impulsionar o trabalho de cientistas do sexo feminino. Além disso, recebeu o prêmio Rising Talents, em Paris, concedido pela Fundação L'Oréal em parceria com a Unesco, que recompensa as 15 melhores jovens cientistas do mundo, selecionadas entre as 250 vencedoras das edições nacionais do programa Para Mulheres na Ciência.
Pesquisa Inovadora:
Rafaela lidera o laboratório de modelização molecular e de concepção de medicamentos na UFMG. Diante da escassez de recursos para pesquisa no Brasil, ela utiliza simulações computadorizadas para testar e experimentar moléculas, reduzindo significativamente os custos do desenvolvimento de remédios. Seu foco principal é encontrar tratamentos mais eficazes para a Doença de Chagas, que ainda afeta cerca de 1 milhão de pessoas no Brasil.
Através de simulações computadorizadas, Rafaela e sua equipe identificaram dois compostos promissores - AMB7 e AMB12 - capazes de inibir uma proteína essencial para a ação do protozoário Trypanosoma cruzi, causador da Doença de Chagas. O objetivo é desenvolver uma alternativa mais eficaz e com menos efeitos colaterais em comparação à medicação atual, que data da década de 1970.
Desafios e Conquistas como Mulher na Ciência:
Apesar de atuar em um ambiente predominantemente masculino, Rafaela afirma nunca ter se sentido desrespeitada ou prejudicada por ser mulher. No entanto, reconhece que o preconceito pode ser velado e que a luta das mulheres na ciência é constante. Ela destaca a importância do direito das mulheres de seguir qualquer carreira que desejarem e ressalta que, embora apenas 30% dos cientistas no mundo sejam mulheres, no Brasil esse número é mais equilibrado, com quase metade dos pesquisadores sendo do sexo feminino.
Desafios e Perseverança:
Como professora e pesquisadora, Rafaela enfrenta a escassez de recursos para pesquisa no Brasil. A disputa por financiamentos é acirrada, e mesmo quando concedidos, muitas vezes o dinheiro não chega. Diante desses obstáculos, ela persiste com métodos que funcionam com menos fundos, mantendo sua dedicação inabalável à ciência e à busca por soluções para doenças negligenciadas. Para Rafaela, desistir não é uma opção.
Rafaela Salgado Ferreira representa o futuro brilhante da ciência brasileira. Sua pesquisa inovadora, focada em doenças negligenciadas, tem o potencial de melhorar a vida de milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Sua determinação em superar os desafios da falta de recursos e sua luta pela igualdade de gênero na ciência são inspiradoras. Rafaela é um exemplo de como jovens cientistas brasileiros estão fazendo a diferença, apesar das adversidades, e moldando um futuro mais saudável e justo para todos.