Josué de Castro (1908-1973) foi um médico, nutrólogo, professor, geógrafo, cientista social, político, escritor e ativista brasileiro que se destacou no combate à fome no Brasil e no mundo. Sua obra e atuação foram fundamentais para a compreensão das causas da fome e para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a segurança alimentar e nutricional.

Formação e Início da Carreira:

    Nascido no Recife, Josué de Castro formou-se em medicina aos 20 anos. Apesar do interesse inicial pela psiquiatria, dedicou-se à nutrição e realizou um inquérito pioneiro relacionando a produtividade dos trabalhadores com sua alimentação. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1935, onde lecionou antropologia e geografia humana.

Obras Clássicas:

    Geografia da Fome e Geopolítica da Fome: Em 1946, publicou sua obra mais conhecida, "Geografia da Fome", que tirou da obscuridade o trágico quadro da fome no país e enfatizou suas origens socioeconômicas. Já em "Geopolítica da Fome" (1951), estendeu sua análise para a escala mundial, posicionando-se contra interpretações que viam a fome como consequência do excesso populacional.

Atuação Internacional:

    Respeitado internacionalmente, Josué de Castro foi eleito Presidente do Conselho Executivo da FAO (1952-1956), enfrentando a oposição dos países desenvolvidos a projetos voltados para o terceiro mundo. Também exerceu dois mandatos como deputado federal pelo PTB e, em 1963, tornou-se embaixador brasileiro junto à ONU em Genebra.

Exílio e Últimos Anos:

    Com o golpe militar de 1964, Josué de Castro foi destituído do cargo de embaixador e teve seus direitos políticos suspensos. Exilado em Paris, fundou o Centro Internacional para o Desenvolvimento e lecionou na Universidade de Paris VIII até sua morte, em 1973.

Legado e Reconhecimento:

    Josué de Castro deixou uma vasta obra sobre a questão da fome, com destaque para livros como "Sete Palmos de Terra e um Caixão" e "Homens e Caranguejos". Recebeu diversos prêmios e honrarias, incluindo indicações ao Nobel da Paz. Seu nome batiza o Instituto de Nutrição da UFRJ, e ele é patrono do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).