Duilia de Mello, astrônoma e astrofísica brasileira de renome internacional, é uma das mentes brilhantes por trás de importantes descobertas no estudo do espaço. Nascida em Jundiaí, São Paulo, em 1963, Duilia mudou-se ainda jovem para o Rio de Janeiro, onde ingressou no curso de Astronomia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Desde os 11 anos, já demonstrava interesse pela área, decidindo seguir a carreira aos 14, inspirada pela série "Cosmos", apresentada pelo astrofísico Carl Sagan.
Carreira Internacional:
Apesar de ter boa parte de sua formação acadêmica realizada no Brasil, as limitações do país levaram Duilia a buscar oportunidades no exterior. Contratada pela NASA, a cientista fez seu pós-doutorado trabalhando no famoso telescópio espacial Hubble e teve o privilégio de caminhar diariamente pelos corredores da agência espacial norte-americana. No entanto, enfrentou jornadas de trabalho extenuantes de até 18 horas diárias, mas nunca reclamou, determinada a alcançar o topo sendo mulher em uma área dominada por homens.
Desafios de Gênero:
Ao sair do Brasil, Duilia percebeu que o machismo era ainda mais evidente no ambiente científico internacional. O número reduzido de pesquisadoras chamou sua atenção, e as poucas que existiam eram consideradas menos capazes e sofriam assédio moral e sexual frequente. Duilia não apenas precisou se dedicar aos estudos, mas também impor seu lugar como cientista em um ambiente que não a aceitava como igual.
Descobertas Notáveis:
Apesar dos obstáculos, Duilia realizou uma série de descobertas importantes para a Astronomia. Em 14 de janeiro de 1997, durante uma viagem ao Chile, a cientista visitou um observatório e, operando o dispositivo por conta própria, avistou um objeto em um local que deveria estar vazio. Após conferir diversas vezes e comparar com mapas estelares, constatou que se tratava de uma supernova, batizada de 1997D. Essa descoberta reacendeu seu fascínio pela exploração do novo.
Duilia também fez parte do grupo que desvendou as Bolhas Azuis, aglomerados de estrelas formados por quase-colisões de gases e turbulências, descobertas pelo telescópio Hubble entre três galáxias. Essas formações, conhecidas como "orfanatos de estrelas", originam estrelas externas às galáxias conhecidas. Como professora da Catholic University of America, Duilia integrou a equipe que descobriu o tamanho verdadeiro da galáxia em espiral NGC 6872, cinco vezes maior que a Via Láctea, com cerca de 520 mil anos-luz de diâmetro.
Inclusão e Inspiração:
Além de suas contribuições científicas, Duilia de Mello é responsável por algo ainda mais importante: a inclusão de mulheres na Astronomia. Ela se orgulha de ver o sucesso de suas estudantes, tendo formado três doutoras e estando na quarta. Duilia considera a missão cumprida ao testemunhar o sucesso das mulheres que orientou.
Reconhecimento e Legado:
Apesar de ser mais reconhecida no exterior, Duilia de Mello recebeu importantes prêmios no Brasil. Foi escolhida como uma das 10 mulheres que mudam o país pelo Barnard College/Columbia University em 2013, recebeu o Prêmio Profissional do Ano de 2013 da Diáspora Brasil-Ministério de Relações Exteriores e Ministério da Indústria e Comércio/ABDI, e foi eleita pela Revista Época como uma das 100 pessoas mais influentes do Brasil em 2014.
Atualmente, Duilia é vice-reitora da Catholic University of America e continua sua pesquisa incansável em busca dos mistérios do espaço. Seu trabalho não apenas amplia o conhecimento científico, mas também inspira e abre caminhos para que mais mulheres sigam carreiras na Astronomia e nas ciências em geral. Duilia de Mello é, sem dúvida, uma das grandes mentes brasileiras que estão desbravando o universo e transformando a ciência.